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sábado, 23 de abril de 2016

Dicas para discutir política na internet (sem passar vergonha)

Depois de ler várias aberrações na internet quando o assunto é política, vou dar algumas dicas para você, cidadão comum, dotado de inteligência, discutir sem parecer um ignorante no assunto.

     1.  Você domina o assunto?
A primeira coisa que você deve pensar ao iniciar uma discussão sobre política na internet é: “Eu domino esse assunto? ” É sempre bom lembrar que existem pessoas que passaram suas vidas estudando uma coisa, e, quando você vai a público falar besteira, você está ferindo de morte todo o esforço e empenho dessas pessoas. 

     2. Saiba a diferença: Você está num debate ou embate?
Um debate consiste em troca de ideias e informações a respeito de um determinado tema. Ainda que haja divergência de opiniões, a conversa é civilizada e tranquila.  O embate, ao contrário, é o baixo nível.  Poucos argumentos e muita ofensa pessoal.  Você está em qual categoria?

     3. Evite termos como “na minha opinião”
Na escola nos ensinam que nós devemos ser pessoas “de opinião”. Eu trago más notícias sobre o estereótipo imposto pela tia da quarta série: Ninguém se importa com a sua opinião. Dizer, numa discussão, que “essa é apenas a minha opinião” só deixa claro a sua falta de domínio sobre o assunto e, não tendo mais argumentos com bases lógicas, você recorre ao campo da doxa.
Política não é questão de opinião. Política são fatos, números, acontecimentos e suas respetivas análises. Se baseie sempre em dados COMPROVADOS para discutir política. O famoso “eu acho” não é argumento.

  • IMPORTANTE: discurso de ódio* não é argumento nem é opinião. Discurso de ódio é crime.

     4. Evite o “senso comum”
“TODO MUNDO é ladrão!” É mesmo? Com base em que? Qual foi o estudo que você fez pra afirmar tal coisa? Nenhum né? Pois é. O senso comum anda de mãos dadas com o “achismo” e eles simplesmente não acrescentam nada a discussão. Proferir palavras como “coxinhas”, “petralhas” e afins também só demonstram a sua falta de capacidade argumentativa.

     5. Qual é a sua fonte?
Lembre-se SEMPRE de verificar sua fonte. Jornais e blogs não são fontes confiáveis. Infelizmente o jornalismo brasileiro tem uma cultura lamentável de republicar notícias de outros jornais, alterando apenas algumas palavras. Procure SEMPRE informações em sites oficiais. Falou um dado e não citou a fonte? Citou fonte duvidosa? Tá passando vergonha.
IMPORTANTE: correntes de whats app NÃO SÃO fontes.

     6. Você X o mundo
O mundo não está dividido entre você e os outros. Pare de taxar as pessoas que não pensam como você de erradas.

     7. Fale por você
Vejo muitas pessoas falando coisas do tipo: “eu trabalho em lugar X, eu sei o que eu estou falando” Você não é porta-voz de uma categoria de trabalhadores, nem de quem quer que seja. Não seja covarde colocando o nome de outras pessoas para sustentar seu argumento. Fale somente por você.

     8. Não generalize
Quando você generaliza uma informação você está dizendo para todo mundo que você está com preguiça de pesquisar, mas vai falar mesmo assim. Não seja esse tipo de pessoa.

     9. Seja coerente
Muita gente faz várias viagens ao exterior por ano e está na internet reclamando que “tá tudo muito caro”. Tá caro pra você, cara? JURA?
Há também quem defenda o “estado mínimo” estando empregado em órgãos públicos, ou estudando para passa em um. Tá passando MUITA vergonha.

     10. Não seja preguiçoso
A internet torna as coisas muitos mais fáceis e às vezes temos preguiça de verificar mais a fundo uma informação que julgamos ser verdade. Fora que, estar na frente de um computador, tablete ou celular tira totalmente o nosso pudor, de modo que não pensamos antes de falar as coisas. Mas se você está escrevendo, alguém está lendo e você pode, sim, estar passando vergonha.

     11. Jornalismo X política
Muitos veículos de comunicação colocam jornalistas para fazer comentários sobre política. Comentarista de jornal NÃO É especialista em políticas públicas, sistemas eleitorais, relações governamentais, direito, federalismo ou temas correlatos. Na maioria das vezes os comentários desses jornalistas são carregados de juízos de valor e quase nenhuma informação. Procure sempre a visão de especialistas da área.



*DISCURSO DE ÓDIO: “Promoção ao ódio e incitação à discriminação, hostilidade e violência contra uma pessoa ou grupo em virtude de raça, religião, nacionalidade, orientação sexual, gênero, condição física ou outra característica.”  Fonte.

 Vou deixar aqui um vídeo muito didático do canal Nerdologia falando sobre o assunto.